BIBLIOTECA PARA QUE?
A origem do Clube do Livro
Coriolano Castro, que ao início chamou-se provisoriamente apenas de “Clube do
Livro”, foi uma biblioteca, fundada e mantida pelos associados e,
especialmente, pelas primeiras diretorias.
Conforme registrado na
Notificação à Diretoria do Clube do Livro (ver postagem neste blog, em agosto
de 2011), com o surgimento da rádio comunitária a biblioteca foi relegada a
segundo plano, chegando ao ponto de ser praticamente desativada, com sério
prejuízo ao acervo, tendo livros danificados e extraviados. Esta situação
começou a ser resgatada no ano de 2007, com a instalação da sede do Clube do
Livro no quiosque da Praça Jacinto Inácio, com espaço próprio para os livros.
Mais recentemente, já na atual
gestão de diretoria, o Diretor de Biblioteca Renato Soares conseguiu importante
doação de livros do acervo da antiga CRT/Brasil Telecom. Recebida a doação, o
espaço junto ao atual prédio sede do Clube do Livro tornou-se insuficiente,
sendo locado um espaço próprio e designada uma funcionária para atendimento da biblioteca.
Recentemente, com o pedido de
demissão da funcionária que atendia a biblioteca, o presidente do Clube do
Livro decidiu que não haverá substituição e, também, que os livros seriam transferidos de volta para o prédio onde funciona a
rádio comunitária. É certo que o espaço não comporta o acervo agora ampliado. O
Diretor Renato Soares divergiu desta decisão e está contratando, às suas
expensas, uma pessoa para dar continuidade no atendimento ao público.
O que se sabe é que as medidas do
todo poderoso presidente em relação à biblioteca são, na verdade, uma atitude
de retaliação ao Diretor Renato Soares porque este vem fazendo questionamentos
sobre a lisura e transparência da atual gestão, inclusive
formalizando pedidos de informações não respondidos ou com respostas
evasivas.
Renato Soares é um dos poucos
integrantes da atual Diretoria que tem vínculo com a história do Clube do
Livro, do qual foi presidente em um tempo em que a diretoria se cotizava para
pagar as despesas da instituição, diferentemente das últimas gestões quando
diretores se fazem, ou fizeram, remunerar por “serviços prestados à rádio” ou
gozam de mordomias às custas do Clube do Livro.
CULTURA, QUE CULTURA?
Dentre os fins estatutários do
Clube do Livro está a disseminação da cultura. Daí sua primeira atividade ter
sido a criação de uma biblioteca. Quando eu apresentava o programa de rádio do
Clube do Livro, nos anos 2007 e 2008, pautávamos os espaços com temas voltados
às finalidades estatutárias. A própria trilha sonora do programa, entre os
blocos, buscava refletir esta finalidade, rodando MPB ou música nativista
genuína, jamais músicas no estilo “vai abaixando, vai
abaixando...”. É triste ver uma
instituição cultural reduzida a este nível.
Na condição de sócio fundador,
entristece ver o desvirtuamento das finalidades do Clube do Livro, que virou
simples “barriga de aluguel” da rádio comunitária, sendo esta transformada em
trampolim para promoção pessoal de uns e alavanca de pretensões
diversas aos fins que originaram a instituição. Uma mistura de autoritarismo e
deslumbramento pauta a dupla de diretores/locutores que vem apresentando os últimos
programas da instituição, aos sábados, onde esbanjam auto elogios e justificativas (fica até difícil entender o que tanto justificam?).
As comemorações do aniversário do Clube do
Livro (sempre referidas por uma diretora/locutora como o “aniversário da
rádio”) foram feitas com “fests” e boates
animadas ao som de “funknejo” (como é mesmo que se escreve este
negócio?). Não se teve notícia de um sarau literário, de uma palestra, enfim, de alguma atividade efetivamente cultural.
Nos últimos tempos, em falta de disseminação do conhecimento, da realização de atividades culturais, até as comemorações do aniversário da instituição e a trilha sonora do programa oficial viraram vulgaridade. Para ser franco e falar
no popular: virou chinelagem...
CASO DE POLÍCIA
A última reunião da Diretoria do
Clube do Livro, realizada na semana passada, teve a presença de 5
participantes, dentre estes o Presidente e o Diretor Renato Soares. Ao tratar
de questões envolvendo a transferência da biblioteca o assunto pegou fogo, com
a contestação do Diretor Renato, que também renovou questionamentos sobre a
lisura e transparência dos atos de gestão, fazendo com que o presidente ficasse
ofendido, já que seus atos, ao que parece, estão fora de questionamentos. O assunto foi parar na polícia, com registro
de ocorrência realizado pelo ofendido presidente. O Diretor Renato já prestou
seu depoimento e o caso deverá chegar à Justiça.
É a isto que o atual presidente,
com a conivência de uns e a omissão de outros, está levando uma instituição
como o Clube do Livro Coriolano Castro, onde reuniões de diretoria viram “caso
de polícia”. Na verdade, o que está a merecer a investigação da polícia não são
os questionamentos ou manifestações do Diretor Renato Soares, mas sim a falta
de transparência na aplicação dos recursos do Clube do Livro, dentre estes
recursos públicos repassados pela Prefeitura e Pela Câmara Municipal, incluindo
aí a sonegação fiscal da previdência.
Por oportuno, em um programa de
rádio, já comentado na recente postagem Carta Aberta ao Presidente do Clube do
Livro, o Senhor Presidente disse que vem sendo questionado ou criticado “por um ou dois”. Agora denunciou um. Diante dos fatos, associo-me aos
questionamentos e dúvidas levantadas pelo Diretor Renato Soares. Denuncie mais
um, Senhor Presidente: são dois.
SEM MEDO E SEM PREÇO
Para concluir, conto uma pequena
história dos tempos da ditadura. Tempos duros, em que os afilhados do regime
podiam tudo, como acontece nos regimes de força.
Na delegacia de polícia de
Santana trabalhava um jovem inspetor, responsável pelo registro de veículos, na
época feito na polícia civil. Chega na delegacia um cacique
político local, notoriamente detentor de contatos com altas figuras do
regime. Vai registrar um caminhão de sua frota e orienta o jovem policial para
alterar o ano de fabricação no registro, colocando o veículo como mais novo.
O policial reage dizendo: “não
posso fazer isso, é ilegal”. O cacique político, do alto de seu poder, afirma:
“faça que tu não vai te arrepender, vai ser bom para ti”. Perplexo, indaga o
servidor público: “Como assim?”. Recebe como resposta: “Tu vai poder ficar aqui
enquanto tu quiser”. O policial, já impaciente com a situação, replica
indagando: “E se eu não fizer, tu vai me transferir daqui?”; ouvindo em tom
autoritário: “Sim, eu posso te transferir”.
O diálogo, cujo relato ouvi já
faz algum tempo, foi aproximadamente este. Pouco tempo depois o policial, que não aceitou a falcatrua proposta, foi
transferido, somente retornando a Santana muitos anos depois, quando a ditadura
já tinha encerrado seu ciclo. Os velhos caciques, contudo, fizeram escola,
semearam sementes que germinam de tempos em tempos... E, quando um povo não tem a
prática do exercício da cidadania, o autoritarismo floresce e se alimenta de gente que se assusta, que se vende, que se omite, enfim, de "chapas brancas" e "paus mandados"...
Mas nem tudo está perdido, porque
ainda existem homens sem medo e sem
preço. O jovem policial que não se vergou aos caciques da ditadura era
Renato Soares. Os partidários do autoritarismo, os aprendizes de cacique
político tem razões para não suportá-lo. Adepto da mesma causa, sou
integralmente solidário à posição defendida por Renato Soares. Se necessário,
estaremos juntos no banco dos réus.
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E por falar em “preço” e em “veículos”,
vai aí um hipotético anúncio (que bem poderia ter sido publicado no Clarim Santanense; ops, este também está sob censura):
“Vendo automóvel Fiat Uno, ano 2000, no estado. Um mimo
de carro, andando e tudo o mais. Você vai se amarrar nele! Preço de barbada: só
R$ 13.500,00 (nem precisa consultar tabelas e cotações, porque é uma
pechincha). Nota Fiscal no porta-luvas."
Nota: Já divulgado, ao final da postagem Carta Aberta ao Presidente
do Clube do Livro, meu endereço para intimações ou citações.
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