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segunda-feira, 9 de março de 2020

CACHORRO QUE COME OVELHA - VIII



AS ELEIÇÕES MUNICIPAIS EM SANTANA DA BOA VISTA
FALTA UMA CARTA NO JOGO

Dando continuidade nesta série de postagens que tratam da situação política e das próximas eleições municipais em Santana da Boa Vista, vou analisar hoje as notícias de pré-candidaturas, numa verdadeira inflação de candidatos. No cenário, ainda “falta uma carta no jogo”, o posicionamento do partido do deputado estadual com domicilio eleitoral no município, Luiz Marenco (PDT), apontado em postagem anterior dessa série como um dos “três super eleitores” nas próximas eleições.

A seguir, comentário suscinto sobre as pré-candidaturas e alianças comentadas na aldeia:

PT (PARTIDO DO ATUAL PREFEITO ITO FREITAS)
Segundo informes, o atual prefeito concorre à reeleição. Ao final do ano passado foi rompida a aliança com o MDB (partido do atual vice-prefeito) e não existe, ainda, notícia de coligação com outras legendas.

MDB EM COLIGADO COM O PTB
Chegam notícias de que o Vereador Garleno Alves (MDB) concorrerá a prefeito, em coligação com o PTB, tendo como candidata a vice-prefeita, pelo PTB, a filha do ex-prefeito na gestão 1997 a 2004. Na postagem anterior comentei esta coligação, sob o título de Aliança Obscena.

PP – PARTIDO POPULAR
Notícias chegadas da aldeia informam que o Vereador José Jacobsen (Zé da Ambulância) lançou candidatura a prefeito. Não se tem, ainda, notícia de coligação envolvendo esta legenda. Em eleições anteriores, o PP já esteve aliado ao PT e ao PDT.

PSD (PARTIDO DO DEPUTADO FEDERAL DANRLEI)
Recentemente fundado no município, correm comentários de que concorrerá a prefeita pela legenda a ex-prefeita Aline Freitas, que governou o município no período de 2009 a 2016.  Igualmente, não existem notícias de coligação.

PSL (PARTIDO QUE ELEGEU O ATUAL PRESIDENTE DA REPÚBLICA)
O partido foi fundado, no município, na esteira da campanha presidencial, liderado por um grupo de jovens. Notícias da cidade e postagens em redes sociais informam a possível candidatura a prefeito do Professor Pompeu S. Freitas.

A CARTA QUE FALTA NO JOGO

Além das cinco pré-candidaturas em comento, a se confirmarem nas convenções municipais entre junho/julho próximos, não se tem notícias sobre o posicionamento do partido do Deputado Estadual Luiz Marenco, o PDT. No cenário político do município, esta é a carta que falta no jogo.

Três são as possíveis posições, daí decorrentes, a seguir:
- Primeira, o lançamento de candidatura própria pelo PDT, fortalecida pela imagem e prestígio do deputado, buscando a consolidação da legenda no município.
- Segunda, a coligação do PDT com outra legenda, com ou sem participação na chapa majoritária, como já ocorreu na eleição passada. 
- Em terceira hipótese, a neutralidade do partido nas eleições municipais, buscando preservar a imagem e capital eleitoral do deputado, não se envolvendo na “disputa local”.

O Deputado Luiz Marenco, como já anteriormente referido, é um dos “três super eleitores” do município. Sem uma posição do partido (PDT) até o período das convenções, qualquer comentário a respeito será precipitado.

CONCLUSÃO

Pelo cenário ao início do ano, na fase ainda de contatos e ajustes prévios, temos já a perspectiva de cinco candidaturas, ou talvez seis. O elevado número de candidaturas, o desgaste das legendas partidárias, a falta de identificação do eleitorado, junto com falta de fidelidade das próprias lideranças políticas, sugere a imprevisibilidade de resultados.

Por outro lado, mesmo que hoje existam avaliações de vantagem a candidato ou coligação “A” ou “B”, o jogo pode se alterar com a colocação de carta que falta na mesa. Façam suas apostas!


sexta-feira, 6 de março de 2020

CACHORRO QUE COME OVELHA - VII (O BICHO ESTÁ SOLTO E ATACA NOVAMENTE...)



ALIANÇA OBSCENA

Entre as datas de 07/11/19 a 13/12/19, postei uma sequência de artigos sob o título CACHORRO QUE COME OVELHA, tratando de questões envolvendo as próximas eleições municipais em minha terra Santana da Boa Vista. Nas duas últimas postagens, nas datas de 12 e 13/12/19, fiz um breve histórico de minha atuação política no município, como militante e dirigente partidário, e conclui falando sobre as notícias de uma possível coligações nas eleições deste ano, envolvendo o MDB e um ex-prefeito com uma longa história de adversidades e conflitos com esta legenda e suas principais lideranças.

Conclui aquela última postagem com a seguinte afirmativa: “(...) diante da falta de coerência, da falta de respeito à própria história, da falta de respeito à memória do valoroso companheiro Nero Rosa. A se confirmarem tais negociações de aliança, tem outra falta, a falta de vergonha...”

Eis que, notícias chegadas da aldeia dão por concretizada a aliança. Vendo o rebanho em alvoroço, já com algumas ovelhas se desgarrando, o cachorro comedor de ovelha escapou da corta e voltou a atacar. O resultado é a postagem que segue, comentando a obscena aliança. Seguem os motivos que tornam obscena a coligação em apreço.

1 – Em 1992 elegeu-se o Prefeito Neto Rosa (coligação PMDB/PL), rompendo um período de hegemonia política vindo desde a primeira eleição no município, em 1968, sob domínio da ARENA/PDS.

2 – No período de 1993 a 1996, além da inovadora e exitosa administração municipal, também o partido de situação (PMDB) se preparou para a eleição seguinte, intensificando o trabalho junto às bases, consolidando a coligação com o PL e aportando recursos para a campanha por meio de contribuições partidárias dos detentores de mandatos eletivos e cargos de confiança na administração.

3 – A coligação PMDB/PL voltou a vencer as eleições em 1996, numa campanha bem organizada e com recursos suficientes. Os candidatos da chapa majoritária tiveram como única atribuição a campanha eleitoral, sem qualquer preocupação com a organização e custeio da campanha. Na época, como Presidente do Diretório Municipal do PMDB, fui um dos coordenadores da campanha, em comitê formado pelos partidos coligados.

4 – Logo após a eleição, ainda antes da posse, já o prefeito eleito se atritava com o Prefeito que encerrava o mandato e com a direção do partido. Nos primeiros meses da gestão esses atritos se acentuaram e o novo prefeito proibiu a arrecadação da contribuição dos cargos de confiança ao partido, determinando a abertura de uma conta bancária em nome de sua esposa (da época) e de seu chefe de gabinete, para onde eram feitas as contribuições.

5 – Evidente que os detentores de cargos de confiança “optavam” pela “vontade” do chefe. Assim, o novo prefeito, nos primeiros meses de governo, virava as costas para o partido que o elegeu e que bancou as despesas de sua eleição...

6 – No decorrer dos anos seguintes, os atritos se acentuaram, o prefeito governava em completo afastamento do partido e com retaliações àqueles que “não rezassem pela cartilha do chefe”. 

7 – Finalmente, em 1999, o prefeito formalizou a saída do PMDB, levando consigo o saldo bancário do que deveriam ser as contribuições partidárias, de forma totalmente ilegal recolhidas em uma conta em nome de sua esposa e do seu chefe de gabinete...

8 – Nas eleições municipais do ano 2000, o então prefeito concorreu à reeleição, vencendo o candidato do PMDB, ex-prefeito Neto Rosa. Por certo, as contribuições dos cargos comissionados da prefeitura, suprimidas ao partido que o elegera e ilegalmente depositadas em conta da esposa e do chefe de gabinete, tiveram peso decisivo nessa eleição, além do favorecimento pela máquina administrativa.

9 – Nesse segundo mandato (2001 a 2004), agora sob outra legenda partidária, as perseguições aos “não alinhados” se acentuaram, assim como os problemas na gestão, o que viria a se refletir em ação judicial e futura condenação e cassação dos direitos políticos.

10 – Vieram as eleições de 2004, onde o ex-prefeito Neto Rosa foi novamente eleito, cumprindo mandato no período 2005/2008.

11- Em 2008, a campanha para as eleições municipais trouxe novamente o enfrentamento do então Prefeito Neto Rosa e do ex-prefeito que lhe sucedera na gestão anterior, por dois mandatos contínuos (1997 a 2004). O ex-prefeito, às vésperas da eleição, ante a notícia da ação judicial que viria a lhe cassar os direitos políticos, retira a candidatura e indica a esposa (daquele período) para concorrer, com a mesma vencendo a eleição.

12 – Logo após a eleição e posse, o ex-prefeito e marido da nova prefeita move ação judicial contra o agora ex-prefeito Neto Rosa, postulando indenização por danos morais decorrentes da troca de insultos entre ambos em programas de rádio durante a transição. Fiz a defesa judicial do companheiro Neto Rosa, com a tese da “exceção da verdade”, e vencemos.

13 – Não satisfeitos, em sua sanha persecutória, a então prefeita move ação, em nome do município, contra o ex-prefeito Neto Rosa, postulando que este fosse condenado a pagar compromissos de responsabilidade do município perante o governo do estado. Novamente fiz a defesa judicial de Neto Rosa, demonstrando que a obrigação era do município e não do gestor, que o processo era perseguição política, e novamente vencemos.

14 – De forma enigmática, no item número “14”, resumem-se os fatos, a demonstrar que o ex-prefeito, a primeira vez eleito pelo PMDB, com o custeio de sua campanha pelo partido, evadiu-se da legenda levando consigo os recursos financeiras que legitimamente deveriam pertencer a este partido, os quais foram fundamentais para sua vitória sobre o candidato Neto Rosa nas eleições do ano 2000.

15 – Tão enigmático quanto o anterior, o item número “15” demonstra a incompatibilidade do ex-prefeito com o PMDB/MDB e com suas principais lideranças, tendo juntamente com sua esposa da época, quando prefeita, movido séria perseguição ao trabalhador, honesto e respeitado companheiro Neto Rosa, inclusive por meio de duas ações judiciais, nas quais patrocinei a defesa e vencemos.

16 – Agora, depois de todos os fatos acima relatados, poucos meses após o falecimento da mais expressiva figura na história do PMDB/MDB de Santana da Boa Vista, o ex-prefeito Neto Rosa, as atuais lideranças do partido, tendo como único objeto a busca do poder pelo eventual somatório de votos, marcham para as próximas eleições em aliança com o principal inimigo e algoz do partido e de seu mais expressivo líder.

17 – Por todos os motivos acima expostos, e legitimado por minha história no partido, registrada em postagens anteriores, é que rotulo essa aliança de obscena. Sim, a total falta de respeito à história do partido e de seus construtores, mais do que a falta de vergonha, constitui uma obscenidade, na maior acepção desse termo.

A coligação do MDB com o ex-companheiro que traiu a legenda, hostilizou e perseguiu seu mais expressivo líder, além de outras históricas lideranças, não merece outro rótulo senão de ATO OBSCENO.

Postado no facebook nesta data. 

CACHORRO QUE COME OVELHA - VI


Conforme prometido, aí vai o último artigo desta série.
Entretanto, caso venha a ser necessário, podem vir complementos.
Afinal, cachorro que come ovelha...

1 - As eleições municipais de 2008 em Santana da Boa Vista
     e os desdobramentos a partir de 2009

As eleições de 2008 apresentaram um quadro de candidaturas atípico, se comparado às eleições anteriores. O então prefeito Neto Rosa concorria à reeleição, pelo PMDB; o ex-prefeito que lhe antecedera concorria pelo PTB; e um nome novo na política local, sem tradição política mas com bom perfil pessoal e técnico, concorria pelo PP em aliança com o PT.

Nenhum desses candidatos se elegeria. Às vésperas da eleição, o ex-prefeito candidato pelo PTB retirou a candidatura indicando a esposa para concorrer em seu lugar. A candidata se elegeu e logo teve início o período de transição. A prefeita eleita não tinha vivência em política e gestão pública. Então o marido logo ocupou expressivo espaço.

Não demorou para se repetirem cenas de anos anteriores, com fortes atritos entre o prefeito que encerrava o mandato e o marido da prefeita eleita, com provocações e troca de farpas em manifestações na rádio local. Decorrente dessas provocações e acusações, ao início do ano de 2009 o ex-prefeito, marido da nova prefeita, moveu ação judicial contra o agora também ex-prefeito Neto Rosa, requerendo indenização por danos morais.

Como advogado e amigo pessoal, assumi a defesa do companheiro Neto Rosa, sustentando a tese de que não haviam danos morais a indenizar porque a acusação objeto do processo era absolutamente verdadeira e que agiu respondendo às provocações do autor da ação. Ao final, tivemos ganho de causa, em decisão mantida em grau de recurso pelo Tribunal de Justiça do Estado.

As retaliações continuaram. Na sequência, a prefeita municipal promoveu ação judicial, em nome do município, contra o ex-prefeito Neto Rosa, tendo como objeto prestação de contas de convênio entre o município e o estado com repasse de recursos na área de saúde, pretendendo que o ex-prefeito fosse condenado a restituir ao estado valores de responsabilidade do município.

Novamente fui chamado à defesa do companheiro alvo das perseguições, provando que os recursos do convênio haviam sido integralmente aplicados nas áreas de destino e que eventuais desencontros burocráticos na prestação de contas constituíam responsabilidade do município e não responsabilidade pessoal do gestor. Novamente nossa defesa foi acolhida e mantida em grau de recurso pelo Tribunal de Justiça, sendo julgada improcedente a temerária ação manejada com fins de perseguição política.

A todas essas, vieram as eleições municipais do ano de 2012. Eu já estava completamente fora do cenário político local. À distância, tomei conhecimento do amadorismo e da improvisação, o que resultou na maior derrota eleitoral do PMDB em toda história das eleições em Santana. Os dirigentes partidários talvez nem tenham noção deste fato, pois análise comparativo de dados estatísticos eleitorais nunca fora tema de interesse dos adeptos dos “novos velhos métodos”.

E chegamos às eleições de 2016. Aquele PMDB que perdera mais da metade de seu eleitorado nas eleições de 2012 (dados estatísticos históricos), ressurge das cinzas e, numa aliança com PT, onde indica o candidato a vice-prefeito, participa da eleição do prefeito Ito Freitas. Eis que, neste ano de 2019, essa aliança se desfaz, fato público e notório inclusive pelas postagens nesta rede social.

2 - Os ruídos sobre candidaturas e alianças para as eleições de 2020

Decorrente da ruptura da aliança PT/MDB, recebo notícias vindas da aldeia de que caminha a passos largos uma aliança do MDB com o ex-prefeito que cumpriu mandato no período de 1997 a 2004, inclusive já com a pré-indicação de nomes para composição da chapa majoritária. Comentários... comentários... mas onde há fumaça, há fogo...

O ex-prefeito, com o qual agora estaria o MDB negociando uma aliança para as próximas eleições é aquele mesmo, conforme relatos nas postagens anteriores, que:
- em 1995, ainda vereador, ameaça deixar o partido, desiste, fica e se elege prefeito em 1996;
- em 1997, rompe relações com o ex-prefeito cujo prestígio do mandado teve forte peso em sua eleição;
- em 1998, em reunião partidária, rompe com o então presidente do Diretório Municipal;
- em 1999, deixa o partido, levando no cabresto para seu novo partido os detentores de cargos de confiança e as reservas financeiras das contribuições partidárias que se destinavam ao PMDB;
- até o final de seus mandatos, no ano 2004, se notabiliza pelo hábito de fazer provocações e desafios aos adversários;
- que após as eleições de 2008, mesmo com o adversário Neto Rosa derrotado, move-lhe severa perseguição por meio de ações judiciais, conforme relatado no tópico anterior (mas a Justiça sempre absolveu Neto Rosa...).

Pois é com o político detentor dessa ficha que, segundo informações correntes, os atuais dirigentes do MDB de Santana da Boa Vista estão a tratar de aliança para as próximas eleições.

Mais do que qualquer outro comentário que se possa fazer, sobre coerência, sobre respeito à história do partido, o mais grave nesse “ensaio de aliança” é o desrespeito à memória do ex-prefeito Neto Rosa, recentemente falecido, que patrocinou o ingresso na política e na gestão pública da maioria dos atuais dirigentes partidários.

Diante desse quadro, mostra-se desnecessário maiores comentários, a não ser o registro da perplexidade diante da falta de coerência, da falta de respeito á própria história, da falta de respeito à memória do valoroso companheiro Nero Rosa. A se confirmarem tais negociações de aliança, tem outra falta, a falta de vergonha...

Postado no facebook dia 13/12/2019


CACHORRO QUE COME OVELHA - V



Como escrevi na postagem anterior desta série, publicada ontem, em 1985 fui eleito o primeiro Presidente do Setor Jovem Municipal do PMDB de Santana da Boa Vista.

Na sequência, exerci a Presidência do Diretório Municipal em três gestões, sempre chamado em momentos de crise. A primeira, a partir de 1989, depois de uma crise e divisão interna do partido iniciada em 1987 e uma pesada derrota eleitoral nas eleições municipais de 1988.

Reorganizamos o partido, buscamos a pacificação das lideranças e fizemos um planejado e permanente trabalho de organização das bases, com a instituição de núcleos em todo o interior do município. Com apenas 3 vereadores numa composição de 9 cadeiras da Câmara Municipal, fizemos uma oposição ao mesmo tempo combativa e propositiva. O resultado veio nas eleições municipais de 1992, com a eleição do Vereador Neto Rosa para Prefeito Municipal, iniciando um novo ciclo na história política do município.

Ainda durante aquela primeira gestão do Prefeito Neto Rosa, veio nova crise, com o pedido de desfiliação do vereador mais votado da bancada e o licenciamento do Presidente do Diretório Municipal. Corria o ano de 1995 quando o Vice-Presidente do Diretório do PMDB, no exercício da presidência, o saudoso líder Aníbal Rosa, me convocou para a missão.

Já residindo na Capital (desde 1992), assumi pela segunda vez a Presidência do Diretório Municipal, reconciliando o vereador “retirante”, que permaneceu no partido e veio a se eleger Prefeito nas eleições de 1996. Conduzi a “gestão da crise”, passando a ser uma espécie de “palha entre os ovos”, indo quase todos os finais de semana para a aldeia “apagar os pequenos incêndios”.  Coordenei a campanha eleitoral vitoriosa de 1996 com este papel, de “bombeiro”.

A imagem de inquietações foi refletida no “palanque da vitória”, quando a equipe de campanha entregou ao Prefeito eleito uma mala “sem alça e sem rodinhas”, com algumas pedras dentro, representando o que fora a campanha... (tenho em meus guardados uma fita de vídeo, exemplar único, que registra esse momento).

Já antes da posse, os fortes atritos entre o prefeito eleito e o que encerrava a gestão alimentava nova crise. Em 1997, mesmo após importante vitória, o cenário era de conflitos e intrigas. Novamente, sob os apelos das mais importantes lideranças do partido, fui reconduzido à Presidência, para o terceiro mandato, este encerrado em 1999.

Ainda em 1997, na condição de Presidente do Diretório Municipal e amigo pessoal de ambos, fui testemunha única do atrito final entre o novo prefeito e o anterior, em reunião para tentativa de conciliação ocorrida no meu escritório em Santana. Ao início de 1998, numa reunião preparatória da campanha das eleições gerais daquele ano, o então prefeito, na presença de dezenas de companheiros, formalizava de modo pouco civilizado sua ruptura também comigo.

Era o “final dos tempos” da união daqueles três líderes jovens. Em setembro de 1999, o Prefeito trocava de partido, levando consigo, no “cabresto”, os detentores de cargos em comissão e o valor dos depósitos das contribuições partidárias dos filiados ao PMDB, as quais viriam a sustentar sua campanha da reeleição por outro partido no ano 2000, vencendo exatamente o anterior prefeito Neto Rosa.

Na campanha eleitoral do ano 2000, igualmente participei da organização e coordenação. Uma campanha sem recursos e com ausência de expressivo contingente de companheiros que haviam “se bandeado”, pois como diz o autor da memorável obra “Antônio Chimango”, “quem tem mel para dar, junta moscas”. Após o resultado da eleição, fiz a “última fala da campanha”, em frente ao comitê. Não era candidato nem mais dirigente partidário, mas assumi essa responsabilidade. Afinal, as vitórias têm muitos pais, mas as derrotas são órfãs...

E vieram as eleições de 2004, na qual tive uma participação mais à distância (planejamento e assessoria jurídica), onde o Prefeito Neto Rosa foi eleito para o segundo mandato. Durante o período de gestão, participei ativamente do esforço para reorganização do partido, especialmente retomando a organização dos núcleos da base e da interatividade entre governo municipal e comunidade.

Nesse período, já se constatavam problemas e vícios, trazidos por alguns que haviam “ido e voltado”. Em lugar da organização partidária e da valorização da base e das relações com a comunidade, preferiam o velho modelo do populismo e do clientelismo. Eram fortes os sinais de um ciclo virtuoso que se encerrava. O resultado das eleições de 2008 apenas refletiu esta situação.

Oportuno registrar que no período compreendido entre 2005 a 2008, mesmo com atividades na capital e outras regiões do estado, voltei a ter uma presença constante em minha cidade. Nesse período, participei da reorganização do Clube do Livro Coriolano Castro, conciliando a situação de conflito gerada pela esdruxula existência de duas diretorias na mesma instituição (do Clube do Livro e da Rádio Comunitária), reabrindo a biblioteca (que estava fechada) e retomando a circulação do jornal Clarim Santanense. Entre 2007 a 2008, produzi e apresentei aos sábados, na Rádio Comunitária, o “Programa Comunidade & Cidadania”.

Hoje, tenho consciência de que minha disposição de servir, de me engajar na busca de soluções, e a visibilidade daí decorrente, gerou ciumeiras, hostilidades dissimuladas e boicotes, talvez com reflexos inclusive nas questões eleitorais, mesmo que eu nunca tenha alimentado “projetos pessoais”, sempre atuando pelo “coletivo”.

Enfim, veio 2009 e as consequências de uma derrota eleitoral que as “lideranças” de ocasião se recusavam analisar para projetar o futuro, como fizemos 20 anos antes, em 1989. Sentindo que o cenário era outro, e que minhas ideias e ações já não contribuíam, retirei-me silenciosamente.

Na próxima postagem, finalizo esta série, falando sobre o que veio a partir de 2009 e os ruídos de 2019.

Postado no facebook dia 12/12/2019

CACHORRO QUE COME OVELHA - IV


Antes de tratar sobre o tema anunciado na postagem anterior desta série, julgo oportuno uma breve apresentação sobre minha participação no cenário político de Santana da Boa Vista, de onde trago a vivência, referências e credenciais para a série de postagens sob o título acima.

Em 1984 retornei à minha cidade para exercer a advocacia. De chegada, renunciei à oferta de um contrato para lecionar na escola estadual de 2.º grau por não aceitar a condição de “assinar ficha” no partido do governo, o então PDS, sucessor da velha ARENA, partidos de sustentação ao ciclo de governos militares.

Não desejava me envolver na política local, mas apenas dedicar-me à minha atividade profissional. No entanto, jovem e idealista, logo me envolvi com os assuntos da comunidade e, já no início de 1985 participei da fundação da instituição cultural Clube do Livro Coriolano Castro (com a primeira sede no meu escritório de advocacia) e do jornal Clarim Santanense, do qual fui o primeiro diretor.

Ao mesmo tempo, passei a escrever uma coluna semanal no Jornal A Atualidade, da vizinha Caçapava do Sul, e também atuar como advogado de sindicatos de trabalhadores naquela cidade. Só faltava usar barba grande para completar o “perfil”...  Deixei crescer a barba.

A estas alturas, em pouco mais de um ano da chegada na aldeia, atuando de forma independente, eu já me tornava “incomodo” aos senhores locais, habituados a manter no “cabresto” aqueles que dependiam das benesses do poder, e numa comunidade pobre estes eram a maioria...

Naquele distante 1985, apenas dois partidos políticos atuavam no município. O PDS (ARENA), vencendo todas as eleições desde a emancipação (salvo um acidente de percurso, matéria para outra postagem) e o PMDB, reunindo a oposição local.

O partido de oposição não conseguia organizar o chamado “Setor Jovem”, pois sendo a Prefeitura Municipal o maior empregador da cidade, sem a necessidade de concursos públicos para ingresso, os jovens ou eram cooptados ou permaneciam temerosos de uma exposição política.

Foi neste cenário que numa tarde chuvosa do inverno de 1985 recebi em meu escritório a visita de quatro cidadãos, meu tio Gomercindo Rodrigues da Rosa, meu compadre Cyro Rios Mesquita, o Vereador Dário Gonçalves Dias e o Presidente do Diretório Municipal do PMDB Ricardo Linhares Dias, os quais me formalizaram o convite para ingressar no partido e organizar o Setor Jovem Municipal.

Como eu já estava integrado à comunidade, conhecendo o cenário político local e consciente da necessidade de mudanças, topei a parada. Logo depois, numa convenção com meia dúzia de jovens, fui aclamado o primeiro Presidente do Setor Jovem Municipal do PMDB. A partir daí, tem início uma trajetória encerrada no ano de 2009, quando por discordância com os rumos locais do partido me afastei da atividade política. Mais tarde, transferi meu domicílio eleitoral para Porto Alegre.

Afastado da política local há dez anos, penso ter alcança a distância, no lugar e no tempo, para abordar de público estes assuntos. A propósito, o título da série vem daí: Cachorro que come ovelha...

Postado no facebook em 11/12/2019