ALIANÇA
OBSCENA
Entre
as datas de 07/11/19 a 13/12/19, postei uma sequência de artigos sob o título
CACHORRO QUE COME OVELHA, tratando de questões envolvendo as próximas eleições
municipais em minha terra Santana da Boa Vista. Nas duas últimas postagens, nas
datas de 12 e 13/12/19, fiz um breve histórico de minha atuação política no
município, como militante e dirigente partidário, e conclui falando sobre as
notícias de uma possível coligações nas eleições deste ano, envolvendo o MDB e
um ex-prefeito com uma longa história de adversidades e conflitos com esta
legenda e suas principais lideranças.
Conclui
aquela última postagem com a seguinte afirmativa: “(...) diante da falta de
coerência, da falta de respeito à própria história, da falta de respeito à
memória do valoroso companheiro Nero Rosa. A se confirmarem tais negociações de
aliança, tem outra falta, a falta de vergonha...”
Eis
que, notícias chegadas da aldeia dão por concretizada a aliança. Vendo o
rebanho em alvoroço, já com algumas ovelhas se desgarrando, o cachorro comedor
de ovelha escapou da corta e voltou a atacar. O resultado é a postagem que
segue, comentando a obscena aliança. Seguem os motivos que tornam obscena a
coligação em apreço.
1
– Em 1992 elegeu-se o Prefeito Neto Rosa (coligação PMDB/PL), rompendo um
período de hegemonia política vindo desde a primeira eleição no município, em
1968, sob domínio da ARENA/PDS.
2
– No período de 1993 a 1996, além da inovadora e exitosa administração
municipal, também o partido de situação (PMDB) se preparou para a eleição
seguinte, intensificando o trabalho junto às bases, consolidando a coligação
com o PL e aportando recursos para a campanha por meio de contribuições
partidárias dos detentores de mandatos eletivos e cargos de confiança na
administração.
3
– A coligação PMDB/PL voltou a vencer as eleições em 1996, numa campanha bem
organizada e com recursos suficientes. Os candidatos da chapa majoritária
tiveram como única atribuição a campanha eleitoral, sem qualquer preocupação
com a organização e custeio da campanha. Na época, como Presidente do Diretório
Municipal do PMDB, fui um dos coordenadores da campanha, em comitê formado
pelos partidos coligados.
4
– Logo após a eleição, ainda antes da posse, já o prefeito eleito se atritava
com o Prefeito que encerrava o mandato e com a direção do partido. Nos
primeiros meses da gestão esses atritos se acentuaram e o novo prefeito proibiu
a arrecadação da contribuição dos cargos de confiança ao partido, determinando
a abertura de uma conta bancária em nome de sua esposa (da época) e de seu
chefe de gabinete, para onde eram feitas as contribuições.
5
– Evidente que os detentores de cargos de confiança “optavam” pela “vontade” do
chefe. Assim, o novo prefeito, nos primeiros meses de governo, virava as costas
para o partido que o elegeu e que bancou as despesas de sua eleição...
6
– No decorrer dos anos seguintes, os atritos se acentuaram, o prefeito
governava em completo afastamento do partido e com retaliações àqueles que “não
rezassem pela cartilha do chefe”.
7
– Finalmente, em 1999, o prefeito formalizou a saída do PMDB, levando consigo o
saldo bancário do que deveriam ser as contribuições partidárias, de forma
totalmente ilegal recolhidas em uma conta em nome de sua esposa e do seu chefe
de gabinete...
8
– Nas eleições municipais do ano 2000, o então prefeito concorreu à reeleição,
vencendo o candidato do PMDB, ex-prefeito Neto Rosa. Por certo, as
contribuições dos cargos comissionados da prefeitura, suprimidas ao partido que
o elegera e ilegalmente depositadas em conta da esposa e do chefe de gabinete,
tiveram peso decisivo nessa eleição, além do favorecimento pela máquina
administrativa.
9
– Nesse segundo mandato (2001 a 2004), agora sob outra legenda partidária, as
perseguições aos “não alinhados” se acentuaram, assim como os problemas na gestão,
o que viria a se refletir em ação judicial e futura condenação e cassação dos
direitos políticos.
10
– Vieram as eleições de 2004, onde o ex-prefeito Neto Rosa foi novamente
eleito, cumprindo mandato no período 2005/2008.
11-
Em 2008, a campanha para as eleições municipais trouxe novamente o
enfrentamento do então Prefeito Neto Rosa e do ex-prefeito que lhe sucedera na
gestão anterior, por dois mandatos contínuos (1997 a 2004). O ex-prefeito, às
vésperas da eleição, ante a notícia da ação judicial que viria a lhe cassar os
direitos políticos, retira a candidatura e indica a esposa (daquele período)
para concorrer, com a mesma vencendo a eleição.
12
– Logo após a eleição e posse, o ex-prefeito e marido da nova prefeita move
ação judicial contra o agora ex-prefeito Neto Rosa, postulando indenização por
danos morais decorrentes da troca de insultos entre ambos em programas de rádio
durante a transição. Fiz a defesa judicial do companheiro Neto Rosa, com a tese
da “exceção da verdade”, e vencemos.
13
– Não satisfeitos, em sua sanha persecutória, a então prefeita move ação, em
nome do município, contra o ex-prefeito Neto Rosa, postulando que este fosse
condenado a pagar compromissos de responsabilidade do município perante o
governo do estado. Novamente fiz a defesa judicial de Neto Rosa, demonstrando
que a obrigação era do município e não do gestor, que o processo era
perseguição política, e novamente vencemos.
14
– De forma enigmática, no item número “14”, resumem-se os fatos, a demonstrar
que o ex-prefeito, a primeira vez eleito pelo PMDB, com o custeio de sua
campanha pelo partido, evadiu-se da legenda levando consigo os recursos
financeiras que legitimamente deveriam pertencer a este partido, os quais foram
fundamentais para sua vitória sobre o candidato Neto Rosa nas eleições do ano
2000.
15
– Tão enigmático quanto o anterior, o item número “15” demonstra a
incompatibilidade do ex-prefeito com o PMDB/MDB e com suas principais
lideranças, tendo juntamente com sua esposa da época, quando prefeita, movido
séria perseguição ao trabalhador, honesto e respeitado companheiro Neto Rosa,
inclusive por meio de duas ações judiciais, nas quais patrocinei a defesa e
vencemos.
16
– Agora, depois de todos os fatos acima relatados, poucos meses após o falecimento
da mais expressiva figura na história do PMDB/MDB de Santana da Boa Vista, o
ex-prefeito Neto Rosa, as atuais lideranças do partido, tendo como único objeto
a busca do poder pelo eventual somatório de votos, marcham para as próximas eleições
em aliança com o principal inimigo e algoz do partido e de seu mais expressivo
líder.
17
– Por todos os motivos acima expostos, e legitimado por minha história no
partido, registrada em postagens anteriores, é que rotulo essa aliança de
obscena. Sim, a total falta de respeito à história do partido e de seus
construtores, mais do que a falta de vergonha, constitui uma obscenidade, na
maior acepção desse termo.
A
coligação do MDB com o ex-companheiro que traiu a legenda, hostilizou e
perseguiu seu mais expressivo líder, além de outras históricas lideranças, não
merece outro rótulo senão de ATO OBSCENO.
Postado no facebook nesta data.
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