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sexta-feira, 6 de março de 2020

CACHORRO QUE COME OVELHA - VI


Conforme prometido, aí vai o último artigo desta série.
Entretanto, caso venha a ser necessário, podem vir complementos.
Afinal, cachorro que come ovelha...

1 - As eleições municipais de 2008 em Santana da Boa Vista
     e os desdobramentos a partir de 2009

As eleições de 2008 apresentaram um quadro de candidaturas atípico, se comparado às eleições anteriores. O então prefeito Neto Rosa concorria à reeleição, pelo PMDB; o ex-prefeito que lhe antecedera concorria pelo PTB; e um nome novo na política local, sem tradição política mas com bom perfil pessoal e técnico, concorria pelo PP em aliança com o PT.

Nenhum desses candidatos se elegeria. Às vésperas da eleição, o ex-prefeito candidato pelo PTB retirou a candidatura indicando a esposa para concorrer em seu lugar. A candidata se elegeu e logo teve início o período de transição. A prefeita eleita não tinha vivência em política e gestão pública. Então o marido logo ocupou expressivo espaço.

Não demorou para se repetirem cenas de anos anteriores, com fortes atritos entre o prefeito que encerrava o mandato e o marido da prefeita eleita, com provocações e troca de farpas em manifestações na rádio local. Decorrente dessas provocações e acusações, ao início do ano de 2009 o ex-prefeito, marido da nova prefeita, moveu ação judicial contra o agora também ex-prefeito Neto Rosa, requerendo indenização por danos morais.

Como advogado e amigo pessoal, assumi a defesa do companheiro Neto Rosa, sustentando a tese de que não haviam danos morais a indenizar porque a acusação objeto do processo era absolutamente verdadeira e que agiu respondendo às provocações do autor da ação. Ao final, tivemos ganho de causa, em decisão mantida em grau de recurso pelo Tribunal de Justiça do Estado.

As retaliações continuaram. Na sequência, a prefeita municipal promoveu ação judicial, em nome do município, contra o ex-prefeito Neto Rosa, tendo como objeto prestação de contas de convênio entre o município e o estado com repasse de recursos na área de saúde, pretendendo que o ex-prefeito fosse condenado a restituir ao estado valores de responsabilidade do município.

Novamente fui chamado à defesa do companheiro alvo das perseguições, provando que os recursos do convênio haviam sido integralmente aplicados nas áreas de destino e que eventuais desencontros burocráticos na prestação de contas constituíam responsabilidade do município e não responsabilidade pessoal do gestor. Novamente nossa defesa foi acolhida e mantida em grau de recurso pelo Tribunal de Justiça, sendo julgada improcedente a temerária ação manejada com fins de perseguição política.

A todas essas, vieram as eleições municipais do ano de 2012. Eu já estava completamente fora do cenário político local. À distância, tomei conhecimento do amadorismo e da improvisação, o que resultou na maior derrota eleitoral do PMDB em toda história das eleições em Santana. Os dirigentes partidários talvez nem tenham noção deste fato, pois análise comparativo de dados estatísticos eleitorais nunca fora tema de interesse dos adeptos dos “novos velhos métodos”.

E chegamos às eleições de 2016. Aquele PMDB que perdera mais da metade de seu eleitorado nas eleições de 2012 (dados estatísticos históricos), ressurge das cinzas e, numa aliança com PT, onde indica o candidato a vice-prefeito, participa da eleição do prefeito Ito Freitas. Eis que, neste ano de 2019, essa aliança se desfaz, fato público e notório inclusive pelas postagens nesta rede social.

2 - Os ruídos sobre candidaturas e alianças para as eleições de 2020

Decorrente da ruptura da aliança PT/MDB, recebo notícias vindas da aldeia de que caminha a passos largos uma aliança do MDB com o ex-prefeito que cumpriu mandato no período de 1997 a 2004, inclusive já com a pré-indicação de nomes para composição da chapa majoritária. Comentários... comentários... mas onde há fumaça, há fogo...

O ex-prefeito, com o qual agora estaria o MDB negociando uma aliança para as próximas eleições é aquele mesmo, conforme relatos nas postagens anteriores, que:
- em 1995, ainda vereador, ameaça deixar o partido, desiste, fica e se elege prefeito em 1996;
- em 1997, rompe relações com o ex-prefeito cujo prestígio do mandado teve forte peso em sua eleição;
- em 1998, em reunião partidária, rompe com o então presidente do Diretório Municipal;
- em 1999, deixa o partido, levando no cabresto para seu novo partido os detentores de cargos de confiança e as reservas financeiras das contribuições partidárias que se destinavam ao PMDB;
- até o final de seus mandatos, no ano 2004, se notabiliza pelo hábito de fazer provocações e desafios aos adversários;
- que após as eleições de 2008, mesmo com o adversário Neto Rosa derrotado, move-lhe severa perseguição por meio de ações judiciais, conforme relatado no tópico anterior (mas a Justiça sempre absolveu Neto Rosa...).

Pois é com o político detentor dessa ficha que, segundo informações correntes, os atuais dirigentes do MDB de Santana da Boa Vista estão a tratar de aliança para as próximas eleições.

Mais do que qualquer outro comentário que se possa fazer, sobre coerência, sobre respeito à história do partido, o mais grave nesse “ensaio de aliança” é o desrespeito à memória do ex-prefeito Neto Rosa, recentemente falecido, que patrocinou o ingresso na política e na gestão pública da maioria dos atuais dirigentes partidários.

Diante desse quadro, mostra-se desnecessário maiores comentários, a não ser o registro da perplexidade diante da falta de coerência, da falta de respeito á própria história, da falta de respeito à memória do valoroso companheiro Nero Rosa. A se confirmarem tais negociações de aliança, tem outra falta, a falta de vergonha...

Postado no facebook dia 13/12/2019


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