Conforme
prometido, aí vai o último artigo desta série.
Entretanto,
caso venha a ser necessário, podem vir complementos.
Afinal,
cachorro que come ovelha...
1
- As eleições municipais de 2008 em Santana da Boa Vista
e os desdobramentos a partir de 2009
As
eleições de 2008 apresentaram um quadro de candidaturas atípico, se comparado
às eleições anteriores. O então prefeito Neto Rosa concorria à reeleição, pelo
PMDB; o ex-prefeito que lhe antecedera concorria pelo PTB; e um nome novo na
política local, sem tradição política mas com bom perfil pessoal e técnico,
concorria pelo PP em aliança com o PT.
Nenhum
desses candidatos se elegeria. Às vésperas da eleição, o ex-prefeito candidato
pelo PTB retirou a candidatura indicando a esposa para concorrer em seu lugar.
A candidata se elegeu e logo teve início o período de transição. A prefeita
eleita não tinha vivência em política e gestão pública. Então o marido logo
ocupou expressivo espaço.
Não
demorou para se repetirem cenas de anos anteriores, com fortes atritos entre o
prefeito que encerrava o mandato e o marido da prefeita eleita, com provocações
e troca de farpas em manifestações na rádio local. Decorrente dessas
provocações e acusações, ao início do ano de 2009 o ex-prefeito, marido da nova
prefeita, moveu ação judicial contra o agora também ex-prefeito Neto Rosa, requerendo
indenização por danos morais.
Como
advogado e amigo pessoal, assumi a defesa do companheiro Neto Rosa, sustentando
a tese de que não haviam danos morais a indenizar porque a acusação objeto do
processo era absolutamente verdadeira e que agiu respondendo às provocações do
autor da ação. Ao final, tivemos ganho de causa, em decisão mantida em grau de
recurso pelo Tribunal de Justiça do Estado.
As
retaliações continuaram. Na sequência, a prefeita municipal promoveu ação
judicial, em nome do município, contra o ex-prefeito Neto Rosa, tendo como
objeto prestação de contas de convênio entre o município e o estado com repasse
de recursos na área de saúde, pretendendo que o ex-prefeito fosse condenado a
restituir ao estado valores de responsabilidade do município.
Novamente
fui chamado à defesa do companheiro alvo das perseguições, provando que os
recursos do convênio haviam sido integralmente aplicados nas áreas de destino e
que eventuais desencontros burocráticos na prestação de contas constituíam
responsabilidade do município e não responsabilidade pessoal do gestor.
Novamente nossa defesa foi acolhida e mantida em grau de recurso pelo Tribunal
de Justiça, sendo julgada improcedente a temerária ação manejada com fins de
perseguição política.
A
todas essas, vieram as eleições municipais do ano de 2012. Eu já estava
completamente fora do cenário político local. À distância, tomei conhecimento
do amadorismo e da improvisação, o que resultou na maior derrota eleitoral do
PMDB em toda história das eleições em Santana. Os dirigentes partidários talvez
nem tenham noção deste fato, pois análise comparativo de dados estatísticos
eleitorais nunca fora tema de interesse dos adeptos dos “novos velhos métodos”.
E
chegamos às eleições de 2016. Aquele PMDB que perdera mais da metade de seu eleitorado
nas eleições de 2012 (dados estatísticos históricos), ressurge das cinzas e,
numa aliança com PT, onde indica o candidato a vice-prefeito, participa da
eleição do prefeito Ito Freitas. Eis que, neste ano de 2019, essa aliança se
desfaz, fato público e notório inclusive pelas postagens nesta rede social.
2
- Os ruídos sobre candidaturas e alianças para as eleições de 2020
Decorrente
da ruptura da aliança PT/MDB, recebo notícias vindas da aldeia de que caminha a
passos largos uma aliança do MDB com o ex-prefeito que cumpriu mandato no
período de 1997 a 2004, inclusive já com a pré-indicação de nomes para
composição da chapa majoritária. Comentários... comentários... mas onde há
fumaça, há fogo...
O
ex-prefeito, com o qual agora estaria o MDB negociando uma aliança para as
próximas eleições é aquele mesmo, conforme relatos nas postagens anteriores,
que:
-
em 1995, ainda vereador, ameaça deixar o partido, desiste, fica e se elege
prefeito em 1996;
-
em 1997, rompe relações com o ex-prefeito cujo prestígio do mandado teve forte
peso em sua eleição;
-
em 1998, em reunião partidária, rompe com o então presidente do Diretório
Municipal;
-
em 1999, deixa o partido, levando no cabresto para seu novo partido os
detentores de cargos de confiança e as reservas financeiras das contribuições
partidárias que se destinavam ao PMDB;
-
até o final de seus mandatos, no ano 2004, se notabiliza pelo hábito de fazer
provocações e desafios aos adversários;
-
que após as eleições de 2008, mesmo com o adversário Neto Rosa derrotado,
move-lhe severa perseguição por meio de ações judiciais, conforme relatado no
tópico anterior (mas a Justiça sempre absolveu Neto Rosa...).
Pois
é com o político detentor dessa ficha que, segundo informações correntes, os
atuais dirigentes do MDB de Santana da Boa Vista estão a tratar de aliança para
as próximas eleições.
Mais
do que qualquer outro comentário que se possa fazer, sobre coerência, sobre
respeito à história do partido, o mais grave nesse “ensaio de aliança” é o
desrespeito à memória do ex-prefeito Neto Rosa, recentemente falecido, que
patrocinou o ingresso na política e na gestão pública da maioria dos atuais
dirigentes partidários.
Diante
desse quadro, mostra-se desnecessário maiores comentários, a não ser o registro
da perplexidade diante da falta de coerência, da falta de respeito á própria
história, da falta de respeito à memória do valoroso companheiro Nero Rosa. A
se confirmarem tais negociações de aliança, tem outra falta, a falta de
vergonha...
Postado no facebook dia 13/12/2019
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