Seguidores

domingo, 18 de setembro de 2011

SEMANA FARROUPILHA




Setembro. Comemorações alusivas à Guerra dos Farrapos e à República Rio-Grandense.  Tempo de rememorar nossa história,  raízes, costumes e tradições. Oportunidade, também, para reflexões, sem esquecer alguns aspectos relegados pela historiografia oficial, tema para outro artigo, oportunamente. 

Aqui na capital, passeando pelo Acampamento Farroupilha, no Parque da Harmonia, sou invadido por uma nostalgia e sentimento de exílio. Volto às noites de rondas quando, ainda guri, me encantava o galpão instalado na Praça, onde hoje está o quiosque.

Mais tarde, no retorno à terra natal, engajei-me ao único CTG então existente, o Tropeiro Velho. Foram anos de convívio fraterno, onde participei nas mais diversas atividades, contribuindo da forma que melhor podia. Durante alguns anos, fui honrado com a função de “agregado das falas”.

Apresentei de Saraus de Prenda Jovem aos desfiles do dia 20 de Setembro, quando introduzi uma inovação, de improviso, comentando as alegorias e indumentárias dos piquetes, peões e prendas. Numa evolução, mais tarde, os CTGs e piquetes adotaram apresentadores próprios, com prévia preparação das apresentações, enriquecendo o aspecto cultural dos desfiles.


No momento em que estou remoendo estes “recuerdos”, em pleno Acampamento Farrapo, alguém me oferece  um chimarrão. O amargo da erva mate mistura-se com o amargo gosto de exílio. Aí, eu vejo em cada galpão do acampamento as noites de ronda no “CTG Tropeiro Velho” e, de inhapa, as tertúlias e rodeios no meu “Piquete Sobra de Guerra”, ali no Passo das Carretas.

Reproduzindo uma frase que não é minha: “eu saí do campo, mas o campo não saiu de mim”. Quando vim para a cidade grande, trouxe na alma a bombacha e no linguajar o jeito campeiro de ser, a franqueza e a simplicidade.

Lá pela década de 70, quando o tradicionalismo ainda não tinha entre os jovens dos centros urbanos a atual aceitação, eu provocava os contemporâneos da faculdade, em Caxias do Sul, com versos do saudoso José Mendes:

“O moço cá da cidade
a sua origem contesta
não gosta de ver bombacha
chapéu quebrado na testa
não importa o que eles digam
ou que de mim achem graça
sou guasca e orgulho tenho
do meu Rio Grande, minha raça.”

Para  concluir, “sem querer me alongar”, como dizia um velho amigo em seus não curtos discursos, como tributo à Semana Farroupilha, apresento poesia que escrevi em homenagem ao CTG Tropeiro Velho, ainda quando integrava sua patronagem.


CTG TROPEIRO VELHO
        
          Moacir Donato
        
CTG Tropeiro Velho
rancho tradicionalista
em Santana da Boa Vista
es templo da tradição
e neste rude galpão
nas tertúlias culturais
evocam-se os ancestrais
e a história do rincão.

Velho rancho retovado
bem ao tipo do gaúcho
aqui não se exige luxo
e todos tem igualdade
vivendo em fraternidade
neste centro nativista
onde o bom regionalista
convive com lealdade.

É por isto meu galpão
abrigo do minuano
que cresce anos após ano
tua invernada social
reunindo num ideal
os velhos e a mocidade
o gaúcho da cidade
e o peão do meio rural.

Igual a um velho tropeiro
recrutando os desgarrados
campereias no PASSADO
heróis e revoluções
costumes e tradições
repontando no PRESENTE
as raízes... as sementes
pras FUTURAS gerações.


domingo, 11 de setembro de 2011

11 DE SETEMBRO



Domingo. 11 de setembro de 2011.
Parte expressiva do noticiário desta semana teve como tema os dez anos do atentado ao World Trade Center (as Torres Gêmeas) em Nova Iorque, ocorrido no dia 11 de setembro de 2001.

Em muitas matérias, a indagação: 
"Você lembra o que estava fazendo naquele dia, ou naquela hora?"

Não precisei fazer muito esforço porque o fato está ainda bem vivo em minha memória, assim como, acredito, na memória da maioria das pessoas de nosso tempo, por tudo quanto representou e suas consequencias até os dias atuais.

As cenas de terror marcaram-me, de maneira especial, porque apenas três anos antes (1998) eu estivera em Nova Iorque participando de uma missão de estudos e, junto com o grupo de colegas, visitara um dos símbolos mais expressivos daquela metrópole, as Torres Gêmeas.

Mas, retornando à indagação, onde eu estava naquele fatídico 11 de setembro?

Encontrava-me em viagem de Porto Alegre para São Borja, onde iria ministrar um curso. Viagem de ônibus, com tempo aproximado de 8 horas. Numa breve parada na estação rodoviária de Santa Maria, lembro de que desci do ônibus para apanhar uma água em uma lancheria. Na rápida estada, vi as cenas do avião se chocando contra uma das torres. Pensei tratar-se de um filme, desses  do tipo apocalipse, muito ao gosto do cinema norte-americano. Segui viagem...

Próximo do acesso a São Pedro do Sul, uma parada para almoço, quando então assisti ao noticiário na TV, ainda sem maiores esclarecimentos, logo seguindo para São Borja, onde passei o restante da semana. 

Aquela foi uma semana atípica. Aulas à noite, para um grupo inquieto, onde o principal assunto era o atentado e os desdobramentos das informações que surgiam a cada momento... Durante os dias, leitura de jornais e olhos colados na TV. Aqueles longos dias em São Borja foram tomados por um misto de angústia e incerteza em relação ao futuro. A distância da família, exatamente naquele conturbado momento, tornava o quarto de hotel mais gelado e solitário.

Para amenizar este quadro, procurei aproveitar parte dos dias para visitas aos tumulos dos ex-presidentes Getúlio Vargas e João Goulart, bem como à casa onde residiu Getúlio, hoje transformada em museu. No cemitério, despertou-me a atenção também o túmulo de Gregório Fortunato, localizado não muito distante do local do jazigo de Getúlio. 

Enfim, passados 10 anos, percebo que parte de minhas angústias e incertezas daquele momento não tinham tanta razão de ser ou, quem sabe, ainda terão?

Estas são as minhas memórias do 11 de setembro e de como  a cosmopolita Nova Iorque e a histórica São Borja se cruzam em minhas andanças e vivências.  

Não sei se algum dia voltarei à Nova Iorque, mas certamente em data breve retornarei a São Borja, junto com minha esposa e filhos, para tranquilamente visitar a  "Cidade dos Presidentes",  contemplar a beleza do Rio Uruguai, reviver um pouco da história e reverenciar a memória de Getúlio Vargas, João Goulart e, agora, de Leonel Brizola, figuras da maior expressão na história de nosso país. 
...........................................................................................

Nota: hoje nova postagem no texto "Notificação à Diretoria do Clube do Livro"