DAS CAVERNAS AOS NOSSOS DIAS
Convivência, Conflitos, Regras
de Conduta e Cidadania
Nos primeiros tempos os seres humanos eram
nômades. Deslocavam-se de um lugar para o outro, levando o pouco que tinham,
alimentando-se da caça e de frutos oferecidos pela natureza. Consta que a
primeira atividade produtiva mais organizada foi o pastoreio de rebanhos,
obrigando-os a constantes deslocamentos em busca de melhores pastagens.
Com a revolução agrícola o homem fixou-se à
terra e, assim, começou uma longa jornada de evolução da história da humanidade.
Naqueles tempos primitivos, ainda não havia regras organizando o convívio.
Valia a “lei do mais forte”. Esta situação, na medida em que a população
aumentava, foi tornando a vida difícil. Os crescentes conflitos entre as tribos
e entre indivíduos da mesma tribo colocavam em risco à própria sobrevivência da
espécie.
Não se sabe com exatidão quando e onde tudo
começou. Talvez ao mesmo tempo em lugares diferentes ou em tempos diferentes,
com os anciões da aldeia sentados em círculo ao redor do fogo, os homens começaram
a estabelecer regras de convivência. Surge o que, muito mais tarde, passou a
ser explicado pela teoria do “Contrato Social” (Rousseau, 1.762).
Segundo esta teoria, diante das dificuldades,
dos conflitos, da insegurança que isto gerava, os seres humanos entenderam que
de nada valia a um indivíduo ter todo o
direito, se outro indivíduo, também
tendo todo o direito, podia
desrespeitar os direitos dos demais.
Deste modo, o princípio do Contrato Social
foi o entendimento de que o direito de
cada um encontra o seu limite onde começa o direito do outro. Para
garantia dos direitos individuais e coletivos, foram criadas regras de conduta.
Esta é a origem do Estado, do Governo e das Leis. Este foi o caminho que a humanidade trilhou desde o tempo das
cavernas, da barbárie, até os dias atuais.
Nem tudo é perfeição. Contudo, graças ao
sistema de normas que regem o comportamento, hoje sabemos que não é permitido
matar, roubar, violar as regras de trânsito, ou descumprir qualquer lei
instituída, sob pena de sofrermos as sanções daí decorrentes. Este regramento
tem como objetivo assegurar o bem estar
e a paz social.
Podemos discordar do governo, podemos achar
determinadas leis injustas, podemos criticar muitas situações. Entretanto, a
humanidade somente sobreviveu até hoje graças à existência de regras
assegurando direitos, promovendo garantias e limitando as condutas antissociais.
Assim, qualquer indivíduo, durante toda a
vida, independente de posição social, convicções ideologias ou religiosas
(tendo-as ou não), terá seu comportamento e seus atos submetidos a regras. O
descumprimento destas regras certamente o colocará na condição de infrator ou
criminoso.
Neste contexto, podemos afirmar que a educação
para o exercício da cidadania tem início no convívio familiar, pois a família é
o núcleo da sociedade. O lar é o primeiro e o melhor lugar de aprendizado para
o convívio em sociedade. Oportunidade única, muitas vezes incompreendida por
pais e filhos, é nas relações familiares que se formam o caráter e a postura
dos cidadãos, com reflexo na própria sociedade.
É curioso vermos como “figuras públicas”, que
muitas vezes pretendem influenciar, representar ou dirigir a os interesses
coletivos, não conseguem sequer promover a harmonia em seus próprios lares, ou
ainda constituir-se em exemplo a ser seguido. Aí talvez possamos identificar a origem de
parcela significativa dos problemas que afligem a sociedade nos tempos atuais.