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domingo, 18 de março de 2012

O CUIDADOR DA VACA (Pequena Fábula)

                                                     Moacir Donato


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  Era uma vez um grupo de amigos que decidiu criar uma pequena bezerrinha. E o animalzinho, bem tratado, foi crescendo, até se tornar uma linda vaca. Os amigos continuaram a cuidar da vaca, que se tornava cada vez um animal mais lindo, atraindo outras pessoas da pequena aldeia, para ajudar a cuidá-la ou, como mais tarde veio a se saber, interessados no leite da vaquinha...

E o tempo passou... passou... E alguns daqueles amigos do primeiro grupo deixaram a localidade, outros afastaram-se um pouco dos cuidados com a vaca, até porque já havia muita gente em torno do animal, inclusive já surgindo atritos pelo direito de explorar o seu leite. Muitos que ao tempo da criação da terneira faziam pouco caso ou simplesmente ignoravam sua existência, agora brigavam pelo direito de explorar as tetas da vaca.

E logo aquilo que, ao início, era cuidado e dedicação, passou a ser exploração. A vaca já não recebia os cuidados necessários. E dê-lhe sugar as tetas. Tivesse 100 tetas e, certamente, teria 100 mãos puxando até a última gota de leite. Por entre o lindo pelo, percebiam-se carrapatos grudados a sugar-lhe o sangue. O aspecto do animal, apesar de bonito, já demonstrava sintomas de enfermidade.

Um dia apareceu na aldeia um dos amigos que dedicou os primeiros cuidados à pequena bezerra. Viu o que estava acontecendo e interferiu. Ao início pareceu haver uma certa aceitação, pelos atuais cuidadores (exploradores) da vaca. Logo em seguida, entretanto, os mesmos mostraram-se enciumados e rancorosos e promoveram a exclusão do antigo cuidador. Afinal, eles sabiam do que a vaca precisava.

O antigo cuidador, teimoso e idealista, não desistiu de sua empreitada e decidiu salvar o animal a qualquer custo. Um dia, aqueles que dedicavam-se a sugar as tetas da vaca encontraram o antigo cuidador colocando o animal em um brete. Então saíram esbravejando e gritando para toda a aldeia que o cuidador queria matar o animal.

Quando os aldeões vieram reunidos, em grande alarido, já preparados para agredir o cuidador este lhes disse, em tom quase de quem conta uma parábola: “Calma gente, eu jamais iria fazer mal ao animal que ajudei a criar. Eu só estou tentando curar esta baita bicheira, bem próximo do ubre e das tetas, que nenhum de vocês percebeu, apesar de diariamente consumirem o leite da vaca.”

Nota: 
Qualquer semelhança com fatos da vida real, ocorridos numa comunidade fundada por um tal de Jacinto Inácio, pode não ser mera coincidência.

2 comentários:

  1. Mas tchê...e ninguém fez menção de instaurar uma CPI? É claro que o antigo cuidador é inocente! E aquelas mãos, todas recebem seu mensalão? E a propósito, desconheço tal comunidade, pode ser que ela não exista, salvo no profundo imaginário do povo. Então, a vaca não existe, o cuidador é uma invenção. Mas... e todas aquelas mãos?

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  2. Pois é, meu amigo Carlos:
    Seria ficção, mas, como tu indagas: "Mas...e todas aquelas mãos?"
    E complemento a indagação, ainda formulando hipóteses: "Ao menos, seriam mãos limpas?"
    Obrigado pela participação. Forte abraço!

    Moacir Donato

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