Era uma vez um grupo de amigos que decidiu criar uma pequena bezerrinha. E o animalzinho, bem tratado, foi crescendo, até se tornar uma linda vaca. Os amigos continuaram a cuidar da vaca, que se tornava cada vez um animal mais lindo, atraindo outras pessoas da pequena aldeia, para ajudar a cuidá-la ou, como mais tarde veio a se saber, interessados no leite da vaquinha...
E o tempo passou... passou... E alguns daqueles amigos do primeiro grupo deixaram a localidade, outros afastaram-se um pouco dos cuidados com a vaca, até porque já havia muita gente em torno do animal, inclusive já surgindo atritos pelo direito de explorar o seu leite. Muitos que ao tempo da criação da terneira faziam pouco caso ou simplesmente ignoravam sua existência, agora brigavam pelo direito de explorar as tetas da vaca.
E logo aquilo que, ao início, era cuidado e dedicação, passou a ser exploração. A vaca já não recebia os cuidados necessários. E dê-lhe sugar as tetas. Tivesse 100 tetas e, certamente, teria 100 mãos puxando até a última gota de leite. Por entre o lindo pelo, percebiam-se carrapatos grudados a sugar-lhe o sangue. O aspecto do animal, apesar de bonito, já demonstrava sintomas de enfermidade.
Um dia apareceu na aldeia um dos amigos que dedicou os primeiros cuidados à pequena bezerra. Viu o que estava acontecendo e interferiu. Ao início pareceu haver uma certa aceitação, pelos atuais cuidadores (exploradores) da vaca. Logo em seguida, entretanto, os mesmos mostraram-se enciumados e rancorosos e promoveram a exclusão do antigo cuidador. Afinal, eles sabiam do que a vaca precisava.
O antigo cuidador, teimoso e idealista, não desistiu de sua empreitada e decidiu salvar o animal a qualquer custo. Um dia, aqueles que dedicavam-se a sugar as tetas da vaca encontraram o antigo cuidador colocando o animal em um brete. Então saíram esbravejando e gritando para toda a aldeia que o cuidador queria matar o animal.
Quando os aldeões vieram reunidos, em grande alarido, já preparados para agredir o cuidador este lhes disse, em tom quase de quem conta uma parábola: “Calma gente, eu jamais iria fazer mal ao animal que ajudei a criar. Eu só estou tentando curar esta baita bicheira, bem próximo do ubre e das tetas, que nenhum de vocês percebeu, apesar de diariamente consumirem o leite da vaca.”
Nota:
Qualquer semelhança com fatos da vida real, ocorridos numa comunidade fundada por um tal de Jacinto Inácio, pode não ser mera coincidência.
Mas tchê...e ninguém fez menção de instaurar uma CPI? É claro que o antigo cuidador é inocente! E aquelas mãos, todas recebem seu mensalão? E a propósito, desconheço tal comunidade, pode ser que ela não exista, salvo no profundo imaginário do povo. Então, a vaca não existe, o cuidador é uma invenção. Mas... e todas aquelas mãos?
ResponderExcluirPois é, meu amigo Carlos:
ResponderExcluirSeria ficção, mas, como tu indagas: "Mas...e todas aquelas mãos?"
E complemento a indagação, ainda formulando hipóteses: "Ao menos, seriam mãos limpas?"
Obrigado pela participação. Forte abraço!
Moacir Donato