Muito se tem falado sobre a educação das
novas gerações, ou mais diretamente, na condição de pais, sobre a educação que
estamos alcançando aos nossos filhos. E aqui não falo da escola, instituição
para a qual parece que muitas vezes os pais pretendem transferir toda a
responsabilidade. Falo da responsabilidade primária dos pais na orientação dos
filhos para o convívio em sociedade, com respeito às normas de convivência, para
o exercício da cidadania, como titular de direitos e de obrigações.
Um exemplo típico a ilustrar o tema proposto
é o comportamento adotado por jovens que tem acesso ao uso de automóveis.
Jovens educados em famílias que primam pelo respeito aos demais e,
especialmente, pela segurança de seus filhos, fazem uso do carro como um
utilitário que lhes permitirá melhores condições de mobilidade, seja para
acesso ao trabalho, à escola ou em atividades sociais. Compreensível até alguma
vaidade e exibicionismos típicos da juventude, desde que sem excessos que
coloquem em risco a própria segurança ou de terceiros.
Em outro extremo vamos encontrar jovens que
transformam esses mesmos utilitários em verdadeiras “máquinas de agressão” à
tranquilidade e à segurança alheia, obrigando todos a compartilhar dos ruídos
que chamam de “som”, em volume insuportável, independente de local e horário.
Pior ainda, quando resolvem transformar a via pública em pista de acrobacias em
alta velocidade, sem medir riscos e consequências. As notícias frequentes de acidentes, por vezes
com vítimas fatais, deveriam servir de alerta aos pais ao colocarem um carro à
disposição de seus filhos.
Sem entrar no mérito quanto à utilidade de um
automóvel, passo a comentar a
responsabilidade dos pais ao colocar nas mãos de um filho o que poderá ser um
utilitário ou uma arma, dependendo da educação familiar transmitida a esse
jovem. É certo que filhos educados para respeitar os demais, dentro da premissa
de que seu direito termina onde começa o direito do outro, não farão uso de
seus carros “tunados” para perturbar o sossego alheio e, principalmente,
conduzirão os veículos de modo responsável e seguro.
Em sentido contrário, filhos de pais que não
tem noção de limites, que utilizam o carro como um símbolo máximo de status,
que geralmente pensam (e transmitem aos filhos) que seu poder econômico ou
político os coloca acima da lei, irão usar o carro de forma abusiva e
irresponsável, podendo ir da simples perturbação do sossego (que já constitui
ato ilícito) até a provocação de acidentes graves, muitas vezes com vítimas
inocentes, ou ainda com a destruição do patrimônio público ou de
terceiros.
A título de reflexão, para a qual convido os
pais desses moços que pilotam carros com alta parafernália sonora ou que
costumam exibir-se perigosamente na via pública, deixo alguns questionamentos
sobre a educação que estão dando a seus filhos:
- Sem
o respeito às regras de convívio social e aos direitos dos demais, esperam que
seus filhos venham a ser verdadeiros cidadãos?
- Ao
negligenciar na vigilância ou “fazer vista grossa” para os excessos cometidos,
não temem estar estimulando a transgressão às leis, que numa escala crescente
poderá dar origem a um delinquente contumaz?
- Independente
da licitude dos atos e do respeito às regras de convívio social, não temem pela
responsabilidade decorrente de acidente tendo terceiro como vítima ou, pior, de
um dia vir a sentir-se culpados pela perda precoce de um filho em acidente de
trânsito?
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